quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Pessoas... Essas coisas.

“- Decidi seguir em frente…”, possivelmente a pior desculpa que os fracos usam. O orgulho mesquinho que impede as pessoas de admitirem: “- Desisti…”

Chamem-me besta (duvido que haja alguém que ainda não o tenha feito, mas estão á vontade) mas ao tomarmos o sentido da frase, “seguir em frente” entende-se por tomar uma alternativa a um caminho pré-concebido. As variantes em questão fazem com que um objectivo se deixe de ser possível a partir do momento em que não hajam condições para que esta aconteça, ou melhor, quando estas desaparecem ou ficam fora do nosso controlo.

Ora isto leva-nos á velha questão do “Impossível vs. Realismo” (se nunca foi levantada, paciência, desde quando me tomam por um intelectual?), daí que existem cousas (decidi dar um toque á Camões, sim) que muitos denominam por “ímpossivel” quando na verdade, são bastante possíveis se bem que improváveis. E daí? A improbabilidade é uma questão agora assim de repente e coiso? (toque á Zé do Povo) Se assim fosse, não estávamos aqui de momento neste enigma carismático que é o circo da vida, não existia o “quê” ou “quem”. Prosseguindo, podemos concluir então que o impossível é uma expressão usada em demasia, poucas vezes sendo adequada. Portanto, quando algo é possível ainda que improvável, nós da maneira mais primária possível caindo na preguiça, usamos a tal deixa “Ah e tal, é possível mas improvável”. Ora foda-se, já me estão a dar razão, menos-mal.

Ora então, “decidi seguir em frente” implica uma escolha, uma decisão, uma preferência na tomada de uma alternativa ao original. E aqui se oculta a minha parte preferida e suculenta. O “desisti” tem muito mais honra, pois transmite humildade, aceitação de factos e estamos apenas a responsabilizarmos a nós próprios, deixando de culpar o que está á nossa volta e a admitir a nossa falha pessoal. Atenção, isto quando comparado ao “decidi seguir em frente”, não existe muita honra em desistir “porque sim”.

Mas claro, somos humanos. “Viver com culpa? Isso dá muito trabalho, ‘bora culpar o mundo.” Seja por perdermos a paciência, por ter medo de falhar (e por vezes, medo de ter sucesso), estar-se inseguro ou outras inúmeras razões, desde que o nosso objectivo ainda exista e seja possível, não faz sentido anunciar que “seguimos em frente”.

Mas calma, a partir de quando se pode usar essa expressão “seguir em frente” ? Simples, a partir do momento em que o nosso objectivo morreu, deixou de existir, deu o último suspiro, bateu com as botas (toque á Monty Python) … Uma vez eliminado o objectivo em si, nada há para lutar. Aí sim, é um acontecimento impossível em que podemos olhar para o chão e concluir que nada há a fazer senão “seguir em frente”.

Mas pronto isto sou só eu, e não, não vou escrever uma conclusão. Se não perceberam a ideia até aqui, também não é agora que vão lá chegar. Boa noite e até qualquer dia. E tomem lá qualquer coisa para ajudar a adormecer...